quinta-feira, 14 de julho de 2011

O silêncio permanecia, junto com a escuridão... Já não era mais tão frio quanto a noite passada, mas na fresta da porta aberta ainda havia um correnteza de ar frio. Envolvi-me melhor do meu enorme edredon cor-de-rosa. Segurava em uma das mão, um relógio analógico, e meu sono estava sendo levado por aquele singelo "tic tac"... Adormeci rápido.
Encontrei-me tão viva nesse momento que até parecia que segundos atrás eu não estava tristonha embaixo de cobertores. Observei toda minha volta... Um moço alto de costas chamou a minha atenção. Tinha ombros largos, bem vestido, cabeça raspada. Parecia-me alguém... Fui até ele então estacionando meu corpo paralelo ao dele, ombro a ombro - ignorando a diferença de altura. Quem? Quem era ele? Sabia que o conhecia, e o mesmo havia proporcionando sensações estranhas agora, que eu nunca havia sentido antes, sensações boas... Olhavamos para a mesma direção sempre, sem nunca cruzarmos o olhar, foi quando ouvi sua voz pela primeira vez, "olha pra mim" disse o rapaz, então aos poucos meus olhos se vidravam naquela beleza, eu conseguia ver sua aura, a qual era como um imã para a minha... Que sensação estranha! Não conseguia denominar isso... Ergui minha mão direita em direção do seu rosto, e ao tocar meu corpo inteiro se despedaçou, como um frágil vaso de vidro, em milhares de pedaços. O rapaz, ali parado, não sabia o que fazer, observava tudo intacto. Foi horrível me sentir tão pequena diante daquele querubim. Fazia tanta força para voltar ao estado inicial, mas tanta, que até me sentia fraca, mas aquele homem continuava ali, intacto, sem perceber que o por dentro seu coração também havia quebrado. Junto à mim. E quando o rapaz percebeu que ao me ver em pedaços, via seu próprio coração, joelhou-se e colocou-se a juntar tudo, a me recompor, criando-me novamente, moldando com as formas que mais o agradava. A cada pedaço do seu coração que se única crescia algo dentro de mim, e quando me vi novamente forte, um sorriso de anjo me estremeceu. Agarrei-o, na mesma fração de segundos em que o cenário onde nos encontravamos mudava. Como um furacão, tempestade de vento, de folhas em volta de nós, e eu ali, entre seus braços com toda a força que eu podia exercer, sem medo algum de nada. Nem dos ruídos, nem trovões que eu odiava ouvir. Ele estava comigo. Mesmo naquela escuridão, ou até quando paramos em outro cenário, onde o canto dos pássaros, e a luz dos raios solares nos iluminavamos. Estavamos juntos. Em todos os lugares que o nosso universo nos levaram. Em todos e qualquer lugar do mundo, estavamos juntos. Ele me convidou então para sentar, com uma das mãos entre as minhas. Disse-me: "O ser humano, quando foi criado por Deus, tinha duas faces, quatro braços, quatro pernas e assim por diante... E depois foram separados, então cada ser humano tem sua cara metade aqui na terra, como se fosse alma gêmea. Você é a minha" Inexistentes lágrimas escorriam pelo meu rosto. Inexistentes, pois não havia um rosto, haviamos nos transfomado em um algo só. Me sentia completa....
Uma sensação estranha no meu calcanhar esquerdo começou a me trazer para um lugar escuro e quente. Droga, sempre tive sono leve, tudo que ouvia agora era o miado de uma siamesa que usava meu pé como distração, e o "tic tac" que agora já indicavam 4:13 da manhã. Bom, o primeiro e curto pensamento que me acompanhou foi "falta menos agora" e sem que eu pudesse perceber, fui caindo em um sono leve novamente...

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