domingo, 22 de agosto de 2010

Não havia nada à fazer. Era uma dor insuportável. Antes, não podia imaginar que existia algo relacionado a isso. Podia sentir o sangue percorrendo em suas veias, e a cada instante o que mais queria, era que algo menos doloroso o fizesse parar. Não pensava em outra saída ao não ser algo fatal. Ao mesmo tempo que sentia-se frio, oco, fraco, sentia-se tão superficial. A dor do momento era algo relacionado com a superficialidade. Algo que não desejava à ninguém, e não entendia porque o escolhido para aquele momento, era ele. A vida lhe parecia tão cruel, quanto mais vivia, a certeza disso era confirmada.
Menino que diferenciava-se dos outros na sua adolescência, estudioso e íntegro, gostava das coisas certas, porém não interessava-se por assuntos alheios, não se interessava pela moda, pela mídia, ou pelo o que outras pessoa pensariam do seu jeito de ser, no entando, acabava sofrendo alguns tipo de preconceito pela sociedade, e isso fazia com que focasse ainda mais no seu jeito, no que gostava de fazer, em estudar, para que pudesser ser algo diferente dos seus "colegas" de classe. Vivia para si próprio, e para ser orgulho dos pais, os quais eram muito ligados, e para diretamente defender sua irmã, a qual era melhor amiga, e muito confidênte.
Ele mesmo estranhava sua reação. Continuava a dor interna. A cada instante era uma surpresa para ele mesmo sentir-se assim. Sentia-se até confuso, por dessa vez não ter escolhas, e por ter perdido tanto tempo nelas.
Costumava correr. Por saúde também, mas além disso era uma maneira de liberdade. Correndo, libertava-se da monstruosa sociedade que o cercava, corria interiormente sem rumo, mesmo fazendo sempre o mesmo caminho e chegando na frente da casa dela sempre às oito, afinal, nunca a via sozinha na escola, sempre rodiadas de meninos que ficavam enfentiçados tanto como ele, nos olhos, nos cabelos, no corpo daquela linda moça, e todos os dias aproximadamente às oito, ela chegava do curso. Ao menos se ela soubesse desse esforço dele... Do interesse dele. Era díficil pra ele admitir gostar de algo em que a "sociedade" também gostava, e Patricia era paparicadamente adorada. Um moça bonita, baixa, cabelos pretos e compridos, dificilmente não chamaria atenção.
Um dia desses então Patricia piscou para ele no intervalo da escola, abobado não sabia nem o que fazer, ou se qualquer tipo de respostas ou movimento que fizesse seria o suficiente como resposta para aquele valioso piscar que acabara de receber. Olhou-se interiormente, no que em si proprio poderia chamar atenção na menina dos sonhos, dele e de todos os meninos que conhecia. Em questão de dias, aproximadamente uma semana, ele e Patricia saíram pela primeira vez. Nem ele mesmo é capaz de dizer de onde tirou essa tal coragem para isso. Pois bem, seu envolvimento com a mesma, foi incrível. Ela o fazia sentir bem. Sentir-se como um homem, talvez comparavelmente com o seu pai. Na escola então passou a ser respeitado. Sentia-se bem. Mas havia algum tipo de incomodo no pobre, sabia que estar ali, na posição que se encontrava perante todos, não era o que exatamente procurava, mas tinha Patricia. Gostava mesmo da menina, e indiretamente sentia-se que o sentimento era recíproco, não a pedia em namoro por dois motivos: não se sentia preparado para isso, e Patria era tão... combiçada por todos. Então, os dois se encontravam algumas vezes fora da escola. Namoravam no sentido de relações carnais. E se davam muito bem nesse aspecto. Um sempre satisfazia a vontade do outro. Horas voavam, deixavam a conversa de lado muitas vezes. E quando optavam pela conversa, sentiam a necissade do silêncio e voltavam a “namorar”. E o homem que existia nele sentia-se cada vez mais presente. “Patricia” foi um período de sua vida, que de uma forma tornou-se inesquecível, porém não completa. Os encontros “homem e mulher” que tinha com a menina, parecia o sufiente em uma relação, não precisava de mais nada, mesmo sentindo falta de algo. Até então, não havia motivo de reclamar da crueldade da vida, tinha tudo que gostaria de ter. Tinha tudo, porque ainda não conhecia o que um dia lhe proporcionaria tanta dor por não ter. Sua visão pela relação que mantinha com a Patricia, mudou algumas semanas depois que recebeu um bilhete: “ Sei que nunca fui notada, e essa foi a única maneira de mostrar meu interesse. Há tempos venho pensando em você...”. Ele realmente não sabia o que pensar primeiramente, pois em relação ao “nunca fui notada” o remendente estava certo. Não havia como ele mudar sua rotina por um simples bilhete, continuou frequentando os mesmo lugares, corria, Patrícia. Porém sempre lembrava que estava sendo observado por alguém... Pobre alguém, talvez esse alguém sentisse como ele, em relação quando corria para ver Patrícia. Além de tudo, continuava um menino que gostava das coisas certas, e não conseguia achar certo magoar algúem. Na escola então, começou a procurar olhares, primeiramente as meninas próximas, depois a distantes. Nada diferente. Nenhuma outra pista. Nem imaginava como isso teria aparecido em suas coisas. E mal sabia ele que estava tão próximo do que procurava.
A crueldade apareceu nítidamente pela primeira vez quando perdeu seu pai. Doía como agora. Doía mais ver o estado que isso havia deixado sua mãe, e sua irmã. Foi quando chorou pela primeira vez, públicamente. Marina, sua irmã, precisava dele mais do que nunca. Ele estava disposto a estar ali. Resolveram que nas próximas férias iriam viajar. Um programa muito adorado pela família, porém pouco feito. O ultimo mês antes das férias, esfriou um pouco a relação com Patricia. Talvez porque agora precisasse principalmente de um abraço, uma palavra, do que simplesmente beijos que tirassem o fôlego. Estavam prestes a viajar, iria para uma fazenda de um tio próximo, e ficariam aproximadamente uma semana. Marina não quis ir sozinha, levou com ela duas amigas, Ana e Betina. Betina era calada, mas aparentava se dava muito bem com sua irmã, a conhecia há anos e poderia ser divertido viajar com ela. Ana, não tinha muito o que dizer sobre, não há conhecia direito, apenas havia percebido que nos ultimos tempos ela estava frequentemente em sua casa, pela Marina, mas não poderia defini-la em algumas palavras, e nem falar sobre a relação da menina com sua irmã. Ele resolveu ir sozinho. Sentia saudades do menino estudioso e integro que poucos gostavam, e talvez nessa semana pudesse recupera-lo.
Os primeiros dias foram parados e cheios de lembranças ruins, afinal a ultima vez que estivera ali, ainda havia a presença do pai. Pelo quarto dia, as meninas e a mãe do menino foram para cidade próxima, não pretendiam demorar, porém ele preferiu ficar. Ana havia machucado a perna em um lago próximo a casa e preferiu ficar em repouso também. Nada aconteceria, segundo os pensamentos dele. Ana era apenas uma amiga da irmã, que passaria a ser irmã também se continuasse a frenquentar a casa. As horas passaram, ele não sabia o que a menina estava fazendo, ele estava na sala de tv vendo um filme, e justo no momento em que pensou nela, ela apareceu meio mancando na sala, e pediu para entrar. Ele como não era campião em relação de como ligar com meninas, ficou sem jeito, mas não contrariou. A menina entrou, e aos poucos começaram a conversar: filmes, músicas, aspectos geográficos e relação afetiva por algúem, o que perderam (ou ganharam) mais tempo discutindo sobre. Ele falava, falava, e sentia-se totalmente a vontade como se a conhecesse há anos, como se ela tivesse o direito de souber de tudo que ele pensava, e assim acontecia com ela também, ele nunca sentira tanta vontade de saber os pensamentos de alguém, como sentia agora. Os dois devoravam-se, com perguntas, discussões construtivas, e risadas. Nem viram quando chegaram da cidade, continuaram ali, e por educação ninguém interromperam-os. A noite estava divertidissima, segundo ele. Mas como também não era bobo percebeu que apartir de um certo momento, Ana ficara nervosa. Alguns minutos depois, ela disse que precisava contar algo pra ele. Ele no intusiamos que encontrava-se, não imaginaria nada do que poderia ser. Foi quando ela assumiu que o bilhete, que ele não fazia ideia de quem era, havia sido dela. Houve um estalo dentro dele. Um simples fato o deixou atordoado. Uma pessoa que ele conhecera praticamente agora, já havia o percebido antes. Uma fração de segundo trouxe junto um pensamento: Patrícia. Gostava tanto dela. Gostava tanto da Ana que acabara de conhecer. Sentia-se dividido, aliás não sentia nada. Apenas parou para observar aquele individuo que olhava fixamente para ele, nervosa e tremulas. Nunca mesmo havia notado-a. Era uma menina bonita, porém nunca imagirava com ela, diferente de Patrícia que atrai o interesse de qualquer homem. Perguntou para Ana, qual era a intenção dela por ele, ou pela a situação que o encontravam. Ana sem jeito, disse que apenas queria a companhia dele, que o mais importante seria isso, queria poder dividir pensamentos, com ele, e que se tudo isso positivamente fluissem, porque não uma relação afetiva e carnal? Ficou mais confuso. Ficou confuso porque nunca havia conversado com outra menina, do modo em que em uma noite conversou com a Ana, e não queria deixar isso morrer. Isso porque ele nem imaginaria o quanto doiria. E sentia-se bem na presença dela, sentia-se mais que um homem, sentia-se um ser humano completo.
O até o fim da viagem, eles aproveitaram muito, além de se conhecerem muito também. Mas em momentos vagos lembrava-se de Patrícia, e logo em seguida lembrava-se de Ana. Era dificil pra ele escolher entre uma, era dificil não magoar nenhuma das duas, sem se magoar, não queria isso. Não queria ser injusto também, então o certo era a Patrícia. Mas ao mesmo tempo, tinha um instindo nele que tinha necessidade da presença de Ana, queria te-la perto.
Encontrou-se outras vezes com Ana, e com Patrícia. Com Ana, ainda não havia concretizado nenhum tipo de relação fisica, já com Patrícia... Mas ele queria, sabia que tudo que precisava teria ao momento em que beijasse Ana, ou experimentasse, apenas para ver como seria um beijo de tirar o fôlego com outra. Pensava que com todas seriam assim, afinal não conhecia outras maneiras, apenas a de Patrícia. Uma vez, então, tomou coragem e quando estava sozinho com Ana, roubou um beijo, saberia que seria correspondido, mas não daquela forma, Ana era diferente de Patrícia. Ana era doce, leve, suave. Mas isso não desmerecia Patrícia, e isso complicava cada vez mais a situação. Isso deixava a vida dele, cada vez mais cruel. Antes crueldade e problema fosse uma escolha dessas... Antes tivesse escolhido certo.
Passaram-se anos, e agora encontrava-se ali. Com uma dor que não sabia da onte vinha. Queria mais que tudo ter a resposta certa. Mas esperava a dor passar, como esperou não perder Patrícia. Como esperou que Ana convecesse que ela deveria ser a escolhida. Esperar pra que? Agora pensava... Talvez o destino tivesse perguntado-lhe várias vezes antes, e um certo egoísmo o impedia de responder, de libertar. Ficava parado em um horizonte com dois caminhos a sua frente, era só escolher um... O outro certamente abreria-se para outro, o que tem relação com sorte. Sorte significa oportunidade, o que pode ser uma escolha errada pra alguém, pra outro pode ser o caminho para a sorte.
Sentia-se mal com tantos feedbacks que acabara de ter, o que parecia fazer com que a dor aumentasse ainda mais. Patricia havia se mudado e certamente, estaria namorando, ou até mesmo casada. Mas Ana durante todos os anos, frequentou a casa de Marina, e o contado indireto dos dois continuou. E ver Ana, ali, deitada, sem respirar mais, trazia uma angústia, uma dor que jamais havia conhecido. Ana havia morrido. Havia levado com ela todo o amor dele. Todos os segredos, e todas as conclusões que chegaram juntos. Isso o matava, refletindo em uma dor latejante superficial. Ana também levava com ela, todos os momentos que deixaram de viver, as palavras que não foram ditas, e os beijos que ele não conhecia.

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